CASTELO DO JOVEM
Enquanto nós vamos crescendo,
Os castelos vão sendo erguidos,
Mas eu vou com a cana moendo,
Em moinhos de ventos alísios.
Nessa cana ainda tem gomos,
E assim eu me lembro dos calos,
Até quando seremos gnomos,
Ou apenas um quintal sem galos.
Como vou acordar logo cedo,
Se na fome acabou-se o poleiro?
E de noite eu ando com medo,
Se não há pirilampo ordeiro.
É preciso sabermos qual tom,
Das canções que iremos cantar,
E saber como usar cada dom,
Com vontade de nos irmanar.
Não nascemos só pra vencer,
Mas propomos o perpetuar,
E assim se busca crescer,
E por isso nos fazem lutar.
E nem sempre é preciso guerra,
Se unidos nós somos mais fortes,
Pois a escada é a guia pra serra,
Como o livro é o apoio das sortes.
Eu me lembro de ter timidez,
Seja jovem ou mesmo adulto,
Que serviu pra nunca ter vez,
Se o castelo é como o luto.