Ó, CÉRBERO!
Ó, CÉRBERO!
Ó, cérbero!
Porque ladras tanto,
Se não és mais santo,
Na luz de um luar?
Ó, Lutero!
Porque te apoquentas,
Se todas tormentas,
São meio de mar.
Vem cá, cão danado,
Que logo te ensino,
Que o meu intestino,
Reflete o manjar.
Mas sei que não como,
Pois nada mais tenho,
Nem corpo e nem lenha,
Querendo queimar.
E tu, homem casto,
Cheio de desejos,
Repense os lampejos,
Pra não se enganar.
Sejais o manifesto,
Em verbo e em atos,
Porque esse inferno,
Já não quer passar.
Digais para o mundo,
Libertas seu povo,
Sejais como o lobo,
Não se deixe domar.
Senão, serás pasto,
Pisado por cascos,
E seus alfarrábios,
Ninguém mais lerá.
Então, seja a verve,
Ao som das trombetas,
Deponha as sarjetas,
E os muros que há.
Sejais campo aberto,
Pra corsa e o morcego,
Vejais meus cometas,
E o meu querubim.
Comportes com zelo,
Liberta eu sorrindo,
Pois choro é coberta,
Da dor sem ter fim.
Reflitas, Lutero!
Amar é composto,
E amores são ouro,
São pólen, enfim!