QUE VENHA A CHUVA
Brilho da chuva em meu rosto,
me faz pensar, é verdade,
nas emoções já vividas
que, como tudo na vida,
passa deixando saudades.
O tempo sempre me espanta
logo, logo se agiganta
correndo desenfreado,
dá desculpas sem sentido,
porém voa, é destemido:
a ele não falta coragem.
Será é feito de acasos,
ou de casos bem pensados?
Projetos, dejetos sem teto,
tudo lhe é perdoado.
Meu Deus, nada muda sem ajuda,
o desenho da paisagem,
o desgosto, traços toscos,
que me invade, sem piedade,
luz esguia que me espia
onde antes nada havia,
apenas soluços que ardem.