ERA O VENTO

O vento levou as palavras

Que eram destinadas ao coração

Ele foi um grande amigo

Evitou uma desilusão.

Como sei se evitou uma desilusão?

Podiam ter feito acontecer um grande amor

Então o vento usou de má fé

Levou-me as palavras

Deixou-me mergulhada na dor.

Aprisionei o vento

Na esperança que libertasse as palavras

Atei-lhe as mãos e os pés

Açaimei-lhe a boca

Mas ele já as houvera vendido.

A compradora foi uma cigana

Que viera ter comigo

- Buenos días señora

Te doy las Palabras mañana

Y usted me da un manojo de cañas.

Aceitei o acordo

O coração estava ansioso.

Fui ao canavial

A boca emudeceu

Os olhos lacrimejaram

As pernas deixaram de se mover

As canas todas consumidas pelo fogo

A cigana condoeu-se com o meu sofrer.

- Te quedas con las Palabras, tengo mi Diogo!

Se arrependimento matasse

Eu já estaria morta

Truz truz truz

Era o vento

A bater na minha porta!

Direitos de Autor

Maria Dulce Leitão Reis

19/09/16

Maria Dulce Leitão Reis
Enviado por Maria Dulce Leitão Reis em 20/09/2021
Código do texto: T7346441
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