APRENDI
Aprendi a ver a vida pelo prisma da alegria
Com muita luz e cor.
Aprendi a perdoar e a esquecer
A dor que me magoou.
Dela apenas retirei o ensinamento
Que me deu força para continuar.
Aprendi que tudo aconteceu
Como tinha que acontecer
Sem mágoa, sem raiva, sem ódio
Com amor.
Aprendi que não tenho nada a reclamar
Olhando para aqueles que não têm nada
Porque a vida até foi generosa comigo.
Tenho um teto, tenho roupa, tenho comida.
Não precisei fugir da guerra
Na noite de São João, antes do sol nascer
Aprendi a colher marcela.
Aprendi a ouvir o barulho da folha que cai
E a compreender a desolação da árvore nua.
Vem o vento
E leva as donzelas numa dança pelo ar.
Aprendi a escutar a brisa que vem da lua
Sussurrando no meu ouvido
Palavras quentes, imbuídas de amor.
Compreendi a pressa da ribeira
Em se juntar ao rio
E a urgência do rio em chegar ao mar.
Aprendi a interpretar o bramir
E o silêncio das ondas.
Aprendi a prestar atenção
Ao que dantes nem ligava.
Hoje encanto-me
Com o bater das asas dum grilo.
Com a cor azulada do vagalume
Em noite quente de verão.
Com o desabrochar duma flor.
Emociono-me com a mulher de cor
Parindo seu filho varão na cubata
Cansada, suada, sem um gemido.
Aprendi que tudo vai
E tudo chega no seu tempo
Sem pressas, sem atropelos
Com carinho, paciência e civismo.
Aprendi que Deus é o timoneiro
Da nossa embarcação.
Hoje eu sei
Que se não chegamos ao destino
É porque temos pressa
E saímos a meio do caminho
Não confiamos no capitão.
Hoje eu aprendi a colorir a vida
Começando pelo coração
Com os tons que ela mesmo me deu
Exatamente do jeito que eu quis.
Aprendi a dar sabor á vida
Exatamente do jeito que eu gosto
O gosto a amora, a uva e a figo.
Hoje eu aprendi a viver sem ti
Hoje eu aprendi a ser feliz!
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Maria Dulce Leitão Reis
17/09/15