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Eu não me sinto aliviado, pois eu tenho pernas,
olhos e ouvidos; E ando nas ruas e falo com as pessoas
e elas continuam se tratando muito, muito, muito…mal.
E o calor… Ah, ele também vai chegar…

Eu não me sinto aliviado, pois a luta por liberdade
é o sopro afogado a tentar reaver um tal dum
“Novo Normal”
que é o Irmão Siamês do Normal de outrora
Que eu odiava 70% durante a semana,
78% nas quintas… 90% no resto de todo aquele
festivo “Normal Vigente” de gente odiando gente.

Eu não me sinto aliviado com as mesmas tribos
se reencontrando pra sentar, relembrar e lamentar
os falecidos por alguns milésimos de segundos, só pra depois
bebericar cerveja…criticar e repudiar os diferentes.

até que algo leve a uma foda, ou uma mesa de janta
ou uma dança, ou uma carreata, um batuque ou um panelaço
a Magnífica Volta do Carnaval… que “vou ali e já volto”.

Apocalipse Luminoso do ato revolucionário
de ignorar as esquinas do lado, de cima e de trás.
Eu não me sinto aliviado; A saudade não saciada
de Nem sei o quê – aumenta, aumenta e aumenta
as carretas entram carregando coisas pra tu e pra mim
os ônibus e aviões trazendo pessoas e coisas incríveis
As letras no papel.

Eu continuo escrevendo.

Eu não me sinto aliviado de Psicólogos e Psiquiatras
serem mais necessários que Palhaços, músicos e bailarinas.
Eu tenho TANTOS cadernos, nunca é suficiente…
e tantos textos e tanto espaço, MEU CORPO… vacinado.

Pílula de “Vasectomia Emocional”
me aguardando junto às ervas cidreiras.
Eu devia fumar alguma coisa, nem que fosse
arroto de pessoas muito, muito, muito inteligentes.

Eu não me sinto aliviado, o piso brilha esterilizado
e mascarado subindo a ladeira até passar mal sem ar…
LETRAS no papel, desenhos, filmes de drama e horror…

2 anos; meu perfume… tá na metade.
O abajur… ainda acende.