NO PALCO DA VIDA
Eu olho nos teus olhos
Profundamente...
Até os meus me doerem
Quero ver se há nos teus
O amor que sinto nos meus
Mas não o vejo...
Debruço-me um pouco mais
E avisto então
Lá bem no fundo
Uma máscara, fumando charuto
E bebericando
Um vistoso daiquiri de morango
Refastelada numa poltrona
Tendo como pano de fundo
Um mar maravilhoso
De um azul sem fim
Pontilhado de safiras.
Fico atordoada!
Ao aperceber-se de mim
Arriscou uma desculpa esfarrapada
Dizendo por fim, que ela era de facto
A máscara da cruel realidade.
Esqueci-me que o dia das bruxas
Está a chegar
E pronto!
Vai haver sempre máscaras
E mascarados
Quem se refastela e quem trabalha
Quem bebe cocktails
E quem não bebe nada.
Alguns entregam-se ao lazer
Enquanto outros lutam
Afundando-se na labuta.
Os eventos proliferam
Será dificil distinguir
Quem é quem
Um do outro!
A solução para males menores
É fingir-me de marionete!
Tu puxas os cordelinhos...
E eu danço!
Só não esperes que eu ria
Neste palco de teatro que a vida é
Onde os disfarces
Fazem uma bela coreografia!
Sim, neste palco giratório chamado vida
Tantas faces
Reais e irreais
Máscaras e máscaras
Quem vai tirar-lhas?
Para que eu possa ver quem tu és!
Estou eu também usando uma máscara?
Não, garantidamente não!
© Maria Dulce Leitao Reis
03/09/19