NO PALCO DA VIDA

Eu olho nos teus olhos

Profundamente...

Até os meus me doerem

Quero ver se há nos teus

O amor que sinto nos meus

Mas não o vejo...

Debruço-me um pouco mais

E avisto então

Lá bem no fundo

Uma máscara, fumando charuto

E bebericando

Um vistoso daiquiri de morango

Refastelada numa poltrona

Tendo como pano de fundo

Um mar maravilhoso

De um azul sem fim

Pontilhado de safiras.

Fico atordoada!

Ao aperceber-se de mim

Arriscou uma desculpa esfarrapada

Dizendo por fim, que ela era de facto

A máscara da cruel realidade.

Esqueci-me que o dia das bruxas

Está a chegar

E pronto!

Vai haver sempre máscaras

E mascarados

Quem se refastela e quem trabalha

Quem bebe cocktails

E quem não bebe nada.

Alguns entregam-se ao lazer

Enquanto outros lutam

Afundando-se na labuta.

Os eventos proliferam

Será dificil distinguir

Quem é quem

Um do outro!

A solução para males menores

É fingir-me de marionete!

Tu puxas os cordelinhos...

E eu danço!

Só não esperes que eu ria

Neste palco de teatro que a vida é

Onde os disfarces

Fazem uma bela coreografia!

Sim, neste palco giratório chamado vida

Tantas faces

Reais e irreais

Máscaras e máscaras

Quem vai tirar-lhas?

Para que eu possa ver quem tu és!

Estou eu também usando uma máscara?

Não, garantidamente não!

© Maria Dulce Leitao Reis

03/09/19

Maria Dulce Leitão Reis
Enviado por Maria Dulce Leitão Reis em 05/09/2021
Código do texto: T7335840
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.