NO BERÇO DA NOITE
Densas trevas, no berço da noite...
Mentes diversas, diversões perversas, almas dispersas...
O mal transcende e ofusca os anjos que por aqui pousam.
O ar cheira a álcool, a erva, a pó...
À noite entre drogas, prostituição, homossexualismo e fome,
Com sua boca escancarada abocanha a vida, que por ela vaga...
Entre carrancas e carrões, entre culturas e jargões me perco enquanto me procuro... Me entrego ao abraço denso das trevas,
Buscando o sentindo do que estou sentindo, tentando adormecer as dores
E descobrindo o valor de uma luz, que me mostre o colorido das flores...
No berço da noite acordo pra uma realidade assustadora e controversa...
aí abraço meus versos, quase desisto da solidão.
Embora ainda não me tenha encontrado vou cantarolando o que me falta ou sobra,
E vou crescendo, sigo crescendo.
No sopro do vento de uma esquina em Cabo Frio me aqueço num braseiro de gente
e me chamusca a fome de viver intensamente, cada minuto de uma vida plena de sentidos e sentir...
Tentando cauterizar as feridas e as despedidas vejo a noite indo embora também...
juntas tomamos uma saidera e descemos a rua cantarolando nossos desvê-los.
Logo a noite estará de volta trazendo seu brilho... no berço de nossa solidão.
A.Laura.