POESIA INDIGENTE

Busco palavras que assustam

para ferir o tempo da angustia,

do injusto e do absurdo

que nos matam aos poucos

em silêncio.

Quero palavras que gritem,

afirmando o limite das representações,

o ridiculo das autoridades,

a caduquice das estéticas,

a decadência das gramáticas.

Abrigo em meu canto

a precariedade do dizer selvagem

de uma escrita indigente.

Não frequento banquetes no palácio da boa consciência e da transcendência.

Sei a fome das ruas no beco sujo da miséria e da iminência.