AGOSTO
Agosto é uma neurose de degraus
Ou a vertigem da paixão sem rédeas
Naquele grito que carrega o vento
A pose inapropriada à bailarina
As sílfides e o silfo num sifão
Varizes na coluna imaginária
No aberto, a sombra à caça do horizonte
Necrose em certos narigões extremos
As más, por fim, o agosto e mais um pouco
São as cetoacidoses da paixão
Labirintites de escada rolante
E a bela profusão de engulhos místicos
Disfarce e farsa que não se improvisa
Com déficits artísticos, não mais
A peça, a palhaçada, o papelão
Agosto é uma virose e os sonhos maus
Ou o flato que arruinasse o Quebra-Nozes
Um dito por não dito em pensamento
Que sobe duvidoso da verdade
E desce enlouquecido ou sábio ou ponte
.