AGOSTO

Agosto é uma neurose de degraus

Ou a vertigem da paixão sem rédeas

Naquele grito que carrega o vento

A pose inapropriada à bailarina

As sílfides e o silfo num sifão

Varizes na coluna imaginária

No aberto, a sombra à caça do horizonte

Necrose em certos narigões extremos

As más, por fim, o agosto e mais um pouco

São as cetoacidoses da paixão

Labirintites de escada rolante

E a bela profusão de engulhos místicos

Disfarce e farsa que não se improvisa

Com déficits artísticos, não mais

A peça, a palhaçada, o papelão

Agosto é uma virose e os sonhos maus

Ou o flato que arruinasse o Quebra-Nozes

Um dito por não dito em pensamento

Que sobe duvidoso da verdade

E desce enlouquecido ou sábio ou ponte

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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 27/07/2021
Código do texto: T7308550
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