SOMENTE VEJO MEUS DIAS

SOMENTE VEJO MEUS DIAS

Convivo com poucas pessoas,
Pois sei sermos alguns bilhões,
Porque sendo apenas canoas,
Não influi ou induz conclusões.

Eu vejo na sala as mesas,
E cada cardápio proposto,
Com todas as velas acesas,
E lá um carpaccio gostoso.

Por isso meu cerne omnívoro,
Me propõe ter Céu ou cerveja,
Até que salive o carnívoro,
Que guarda o mel da peleja.

É quando eu sou sobrevida,
Pois vejo a sina tão breve,
Perdendo amigos na lida,
Que a madrugada descreve.

Alguns ocupados acordam,
E os tolos nunca percebem,
Que há vida além do acórdão,
Pra ser a luz que prossegue.

Perdemos carinho e convívio,
Enquanto o fim nos persegue, 
Porque nos propomos ser lírio,
Que só um campo descreve.

E assim ser apenas coragem,
Me cobra aceitar o meu vento,
Pois sou condutor da viagem,
Sem mapa que siga o tempo.

E somente vejo meus dias,
Levado pela correnteza,
Julgado sem as garantias,
Que seja legado e certeza.