À SOMBRA LACERDA

À SOMBRA LACERDA

Sentei-me à sombra da tarde,
Foi quando lembrei de Lacerda,
Nem sei se foi homem de carne,
Ou Elevador que sobe a serra.

Buscava descanso na sesta,
Com relva e o tronco da árvore,
Mas a lacerdinha é inquieta,
E coço meu corpo que arde.

Me lembro das praças antigas,
Sem termos noção ecológica,
E junto com a dor das urtigas,
Só tinha a Maga Patalógica.

Foi o tempo forjado por Disney,
Que ditava um viés ideológico,
No intento de louvar os cisnes,
Se um pato é feio e andrógino.

Mas preciso aprender com as sombras,
E aceitar os meus medos sombrios,
Mesmo à paz aparente que assombra,
Se no oculto há mais desafios.

Nossas vidas são breves sussuros,
Que viscejam na alma e no tempo,
E congregam os instintos maduros,
Que se guardam no meu convento.

E as paredes que cercam os sonhos,
Podem ser de tijolos ou medos,
Como as redes ao mar tão medonho,
Que recolhem somente segredos.

Temos sim, que enfrentar demônios,
Senão eles serão mais presentes,
Para o gozo de dias risonhos,
Na desdenha de almas ausentes.