...ORDINÁRIO E VULGAR

Tem horas, que na vida,

tudo que se fez resta inútil.

O certo, torna-se ordinário e vulgar.

Por uma cratera aberta no meu peito,

esguicha, agora, um sangue meio cáustico,

de um vermelho intenso que não anestesia dor.

Tem horas, que na vida,

fosse melhor, não passar por alguns capítulos.

Quem, sabe, ter o comando e congelar o tempo...

Ficar no antes. Sendo tocado por uma brisa breve,

como fosse um sopro de Deus no nosso semblante.

Assim: como quem possui a alma pura, meio santa.

Tem horas, que na vida,

o soco não dói na carne, mas, na alma da gente.

E, é, tão forte, que atinge mais os que amamos...

Tem horas, que feito uma implosão de um prédio

desabamos sem merecer, morremos, sem ser a hora,

Ao meio dia põe-se o sol e pronto. Noites tenebrosas...

Tem horas, que na vida,

Como muito bem disse Rui Barbosa:

“o homem chega a desanimar da virtude,

a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”

Sobretudo, quando todos que nos cercam são santos,

vestais da honestidade, virgens de pecados e falcatruas.

Tem horas, que na vida,

Dá-nos náusea tantos semideuses. Trajados de modernos

ditadores, donos absolutos da verdade e de toda a situação...

Tem horas, que na vida,

fosse melhor, adormecer, para não ver gloriar-se as inverdades,

para não ver comemorar-se as injustiças e penalizar os inocentes.

Tem horas, que na vida,

fosse melhor fechar os olhos

e pensar que tudo foi um sonho.

Um sonho muito ruim de se sonhar...