sonho ruim
predestinado a ser um merda
vou morrer sozinho com meu rancor, que nem meu pai
ele mesmo dizia "não se ganha, se herda"
abri mão do seu carinho e qualquer gesto de amor
minha própria natureza quem me trai,
a julgar pela cara
estou farto de estar entre os vivos,
se juntar nossa tara
até que me iludo nesse mundo lúdico,
prefiro ficar comigo
a ter em volta somente vultos,
me refiro a estar contigo
quem sabe o tempo me torne adulto,
felicidade a curto prazo
prezo inocência que ainda me resta,
saudade cospe no próprio prato
preso a sentença de andar sob trevas,
morrerei em milésimos de um orgasmo
logo após o por do sol,
existirei através das folhas que rasgo
anestesiado da dor de quem sou,
conte-me, ainda existe poesia?
não a encontro em ninguém que não seja você,
corte-me, me suporto mais um dia
a procura de alguém que não posso esquecer,
renascerei amanhã
acolhido nos braços de outrem,
toda ferida cicatriza,
superficialmente se perguntam _ "estou bem"
sou apenas neblina que logo passa e se dissipa,
a angústia é o sabor das lembranças,
a chuva, o clima cinza, que doma nossas ruas
escorrem no rosto de nossas crianças,
ontem tive um sonho ruim
no meio da noite vi você dizer pra mim _"acabou"
se convém me amar assim, por favor
espero que seja feliz, "meu amor"
porém só mais uma vez ...
quero lapidar você, cristal
deixe-me amarrar em você, seu refém
quero ser o teu prazer, carnal
deixe-se amar pra ser, meu neném
e além de tudo que se fez ...
tanto faz se for comigo, amor meu
quero te ver bem e não a sós,
posso até não ser menino, se convém
para ser o teu amante
nos lençóis.