SE A NAU AFUNDAR

SE A NAU AFUNDAR

As noites reclamam a intuir,
Mesmo que o sono tome lugar,
Pois não sabemos como medir,
Todo além do nosso olhar.

E os açoites podem infligir,
Cada suspiro da dor a sangrar,
Pois cada estigma é o nadir,
Da profundeza a nos achar.

Seremos dia se a luz eclodir,
Sobre o zênite além do mar,
Para lembrar que pode esvair,
O que sentimos se mergulhar.

Somente, então, irei deduzir,
O que faria se a nau afundar,
Ou ser caravela para seduzir,
Na calmaria, se algo mudar.

Pois me fizeram acreditar,
Que haveria, na via, proposta,
E foi assim que fui navegar,
Muito além de cada resposta.

Mas construí o meu lugar,
Procurando o que me conforta,
Mesmo na lama a disfarçar,
Cada coluna que me suporta.

Porém os dias dão a versão,
De como giro a minha estrela,
Por um caminho de translação,
Sempre na busca por merecê-la.

E só assim terei vento ou não,
Que traz revolta ou a certeza,
Do que é risco ao coração,
Quando varrer toda tristeza.