As pedras da minha existência
De ajuntar pedras
tenho vocação.
Sempre gostei de me cercar delas
Conchinhas, pedrinhas.
tenho-as em profusão.
Não lhes vejo afectação.
Acho que a natureza,
lhe fez a devida aclamação,
dando-lhe tal beleza.
Que de mais não precisaria
para as encantar,
quem delas se arrebatar.
E tenho grande colecção.
Pedras para mim preciosas,
dessas de colecção
Acho que o seu grande valor está, .
apenas para quem tem por elas
vocação e dilecção .
Mas é que são bem bonitas.
E tenho-as de todas as cores,
e de várias tonalidades.
Suaves sedosas brilhantes
E sinto uma veleidade
que me enternece o coração.
Sem terem lapidação
são a pura criação
da mãe natureza.
E eu gosto de as ter a vista,
para com a sua luz me anelar.
E chamo-as pelo nome
não as vou ignorar.
Nos anéis que me enfeitam?
Também luzem umas pedrinhas,
dizem-se que preciosas
e, tenho-lhes afeição.
Essas são de mais valor, mas para mim?
não mais que estimação.
E quando passeio pela praia ,
ou numa margem de rio,
E já aconteceu que numa calçada
ou numa rua empedrada.
No campo nas serranias.
Numa escalada à montanha.
No meio de um arvoredo.
Tenha encontrado pedrinhas belas.
E logo me enlevo nelas
Isto tem a ver já com a minha feição
E aos seixos do rio apanho-os,
limpo-os e dou-lhes brilho.
E com meu carinho levo-os para casa.
Ali ficam guardados.
Mas mais pedras tenho acauteladas
Numa arca fechada
Onde as tenho etiquetadas
Para não haver confusão.
E guardo-as .
Ciosamente com devoção .
São pedras que por nada,
delas abdicava.
São as mais especiais.
Perdê-las? Já não as achava.
Mesmo pesadas,
o vento arrastava-as.
São muitas e variadas.
São daquelas que de supetão,
nos empurram para o chão;
e quando nos conseguirmos levantar,
vem-se muito magoado,
esfarrapado desconexo.
Recolhi-as estão guardadas.
Foram para mim arremeçadas.
São minhas.
E no meio está latejando,
a minha coragem,
o meu génio.
Porque elas, foram as criminosas
das bordoadas que lhe atiraram,
e que a aguilhoaram,
dolorosamente sem paixão.
Essas pedras que a agrediram.
E que a atormentaram.
Mas não a agrilhoaram.
Ofendida, violada,
na agonia da sua existência.
Toldada por malfeitorias imprudentes.
Mas essas lajes arrecadadas
são a minha especial dilecção
São as minhas rememorações
Foram as minhas memórias
de palmatória.
Mas Deus,
também não se esqueceu
de colocar, algumas delas
na vereda que desenvolvi.
Eram as de maior tamanho
que me faziam recuar.
Talvez para assustar;
e apenas uns leves arranhões
que me faziam afastar.
E da vida que,
sem elas não tinha construído
o meu lauto paraíso.
Com todas
as que com devoção recolhi
Não deixei nenhuma ao acaso
Apanhei até o ciscalho
por onde elas perduravam
Nada deixei ao imprevisto
e nunca me abstraí,
nem caiu minha resistência,
aguentei com solidez
e nada se alterou.
Nunca prescindi
do que me identificou,
e que com elas fiz,
aquilo que hoje sou.
Meu castelo empedrado.
E que está maravilhoso
cheio de liberdade.
A minha obra de estimação.
A minha glória.
A minha epopeia.
O meu palácio encantado.
E com o amor que lhe dou..
ele é a minha vida.
E descansada
agradeço pela luz
que me alumiou.
De T,ta