Adrenalina

Eu moro em mim

Mas as vezes sinto saudade de casa

Me transformei em Odin

Jurei, igual fez o Fábio Brazza

Minha alma é negra igual Zumbi

Melanina transcendental

Minha aura sempre foi tons de rubi

Preciosidade num corpo de cristal

Minha consciência é rosa dos ventos

No meio do nada apontando direções

Sou Mandela perdoando os tormentos

O ódio não constrói edificações

Carrego todos os sonhos do mundo

Salve Pessoa, eu também sou assim

Não sou tudo, não posso querer ser tudo

Mas o nada não deve fazer parte de mim

Sou Santos Dumont em cada verso

Pioneiro nos voos tipo o 14 Bis

Mas eu quero o céu do universo

Não me contento com o céu de Paris

A vida não faz sentido, a vida se faz sentindo

Crente duvidando, ateu fazendo prece

Tragédia amarga, a amargura sorrindo

Tô escrevendo Macbeth, me chame de W.S

São racistas de época igual o Lobato

Polemizando igual o Lobão

Fazem festa abrindo o primeiro ato

Mas sou Nelson Rodrigues trazendo a conclusão

Eu sou o Senhor Coelho

Mas tô tipo Alice perdendo a lucidez

Jesus me dando conselho

Mas eu sempre fui judeu com surdez

Diz quem não conhece o Ip Man:

"Mano, o Bruce Lee é tão foda"

Cita o simpatizante da Ku Klux Klan:

"Preto tem que tomar banho de soda"

(Hipocrisia

Revolução de caneta

Rebeldia

De um ego batendo punheta)

É sobre o muro de Berlim

Não sobre as muralhas de Jericó

O que mais querem de mim?

Revolução de um homem só?

Eu sou mesmo não querendo ser

Ser é um verbo transitivo indiscreto

Não fazem mesmo querendo fazer

Que fé é essa nesse deus de concreto?

Não vou parar por aqui

Não posso parar agora

Ainda vão me levar daqui

A morte não perde a hora

Me jogar é a única alternativa

Mas bung jump sem corda é suicídio

Eu sempre quis evitar a oitiva

Então morrer agora é subsídio?

Só Rogério Ceni é mito

Seu presidente é cusão

Ouve só, mais um grito

Jair com o pau no cu da nação

Um Caravaggio vale milhões

Um J.D.C.C vale centavos

Não valorizam emoções

Só dão valor pros conchavos

Estão citando a obra de Assis:

"Bem vindo a igreja do diabo"

Faz carinha de anjo feliz

Sentando em cima do próprio rabo

O tempo joga xadrez comigo

E só um xeque-mate resolve

Ainda não sei o nome do inimigo:

Chamo de Deep Blue ou chamo de Kasparov?

O tempo não é inimigo

O tempo é adversário

Esse jogo que ele joga comigo

Só põe em xeque o necessário

Tá todo mundo se fazendo de Orfeu

Caminham pra frente olhando pra trás

Foi pisando em serpente que Eurídice morreu

Depois tem que descer ao inferno em busca de paz

Estão com a mente em casulo tipo borboleta em pupa

A diferença é que vocês não vão voar

Usando o destino como desculpa

Pedra no caminho não derruba, só faz tropeçar

"Você não sabe amar"

Eu sinto o amor escorregar pela mão

Como se eu pudesse segurar

Mas deixasse cair no chão

O que é o Partenon

Se Atenas habita o Olimpo?

Ela era Yoko, eu era Lennon

Distância homicida não faz jogo limpo

Só vou escrever meu ódio

Não quero falar de amor

Minha poesia lutando por pódio

Só quero que cure minha dor

Escrevo esse poema com raiva

Enquanto a raiva escreve em mim

Minhas palavras fazendo gaiva

Reles esgoto do meu fim

Sem filme do Hitchcock, eu não faço suspense

Sou mais drama, biografia e documentário

Dadaísta, minha arte é nonsense

Mas o absurdo beira o extraordinário

A poesia faz o resgate

Soldado Ryan é leitor

Sou um poeta pronto pro abate

Querendo o Nobel do amor

População indiferente ao sistema

Tipo Grenouille, não fede nem cheira

Na verdade nem enxergam o problema

Se fazem de Bird Box, só pode ser brincadeira

"O que você quer ser quando crescer?"

Pergunta isso pra uma criança no Rio de Janeiro

"Eu só quero crescer, não importa o que eu vou ser."

Essa resposta é cerol, me corta o peito inteiro

Revolução ainda é um sonho distante

Tendo em vista o que fizeram com a nossa nação

Olha que ideia brilhante:

"Legalizo as armas e corto verba da educação"

Columbine é aqui, olha o que fizeram em Suzano

Almas na solidão e o celibato não foi escolha

Facilitando a vida de miliciano

Cidadão de bem vivendo na encolha

Velocidade O'Conner

Dominic te deixando ganhar

Quem nasce Will Traynor

O amor de Clark não vai salvar

Fazem cara de miss perdendo concurso

Frustração canalizada

É como a Dilma fazendo discurso:

Não canso de dar risada

A mão que bate também faz carinho

Igual Projota cantando AMADMOL

Ninguém faz merda sozinho:

"Olha a intimidade do Moro com o Dallagnol"

Me sinto Vivien Thomas

Com Blalock levando a fama

O desapego e seus sintomas:

"Eu também" pra dizer que me ama

Eu sinto frio, minha alma gelada

Mas o inferno é quente demais

Eu tenho medo, minha consciência pesada

Me vendi como Fausto, eu não sei o que é paz

Eu sou bipolar

E nisso não vejo problema algum

Eu não sei rezar

O que me falta está em hebreus 11:1

Eu que me orgulho de não chorar

Chorei ouvindo "Mandume"

Só não consigo suportar

Quando o choro vira costume

Nesse mundo a liberdade é amarga

É foda ter que contar com a sorte

Viver sonhando é o preço que a gente paga

Só que esperam morrer pro sonho ficar mais forte

Passam o inverno inteiro esperando

Pra ver a primavera florindo

Só que eu não perco tempo chorando

Só ganho tempo sorrindo

Querem fazer chiqueiro

Só porque enxergam o lamaçal

Sou brasileiro

Mas nem por isso eu gosto de carnaval

Sejamos Pitty seguindo na contramão

O tempo é abstrato na realidade

Não devemos acreditar na solidão

Nem sempre ela sabe dizer a verdade

A verdade é que a verdade respira por aparelho

Isso independe de crença

A dúvida cala o ordeiro

Como Getúlio assinando a própria sentença

Nunca se arrependa de se arrepender

Sinta, não importa o que você pensa

Mas não tenha medo de ler

O poema dos olhos da indiferença

Ouça o que eu vou falar:

O ego é bom, eles pintam como ruim

Eu não sei onde isso vai nos levar

São mil negativas a espera de um sim

Vivendo Death note

Os nomes já estão no caderno

Tô correndo igual Bolt

Eu tô fugindo do inferno

Isso é só o que eu penso

Não é sísmico, mas causa abalo

Todo mundo é Lourenço

E vai morrer com a cara no ralo

Olha só que perigo:

O machão me matando na internet

Mano, eu não ligo

Já morri tantas vezes depois de dezembro de 97

Onde o bem se conforma

O mal se faz nefasto

O foda é que aqui o bem está em reforma

Bem vindo ao holocausto

Eu moro em mim

E sentir saudade de casa é normal

Eu sou Odin

E minha sabedoria é banal