Monólogo de Penélope (Parte I)
Calejados estão meus dedos
Embaçados, os meus olhos
Oh, deuses, a quem imploro
Por que mostraram meu segredo?
Enquanto o manto eu tecia
Alheia a tudo eu estava
Juras de amor, não ouvia
Os encantos, não olhava
Tramava durante o dia
À noite, eu desfiava
Assim tempo eu ganhava
Esperançosa eu sorria.
Meu ardil foi descoberto
Minha espera terminada
Meu pai quer-me casada
Acha meu futuro incerto
Vê-me viúva, disputada
Crê meu coração aberto.
Que rugas cubram meu rosto
Que embranqueça meu cabelo
Que a praga coma meu corpo
Se eu não puder voltar a vê-lo.