Monólogo de Penélope (Parte I)

Calejados estão meus dedos

Embaçados, os meus olhos

Oh, deuses, a quem imploro

Por que mostraram meu segredo?

Enquanto o manto eu tecia

Alheia a tudo eu estava

Juras de amor, não ouvia

Os encantos, não olhava

Tramava durante o dia

À noite, eu desfiava

Assim tempo eu ganhava

Esperançosa eu sorria.

Meu ardil foi descoberto

Minha espera terminada

Meu pai quer-me casada

Acha meu futuro incerto

Vê-me viúva, disputada

Crê meu coração aberto.

Que rugas cubram meu rosto

Que embranqueça meu cabelo

Que a praga coma meu corpo

Se eu não puder voltar a vê-lo.

Miss Araújo
Enviado por Miss Araújo em 07/05/2021
Reeditado em 07/05/2021
Código do texto: T7249880
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