IARA, MINHA MÃE ADOTIVA

Para o distrito de Iara, cidade do Barro (CE),

meu mundo encantado dos 5 aos 7 anos.

Foste Boa Esperança,
amor à primeira vista,
meu mundo de criança,
Iara amada e benquista.
Na sombra do teu tamarineiro,
fantasiando absorto,
fui aviador, rei, garimpeiro,
caçador, pescador, tropeiro,
pintor, padre, caminhoneiro.
Montando meu cavalo de pau,
feito da vara do marmeleiro,
amansei burros brabos,
tangi gado, fui vaqueiro,
No meu curral imaginário,
brincando com ossos de boi,
fui menino fazendeiro
ossos confinados no "curral",
sonhando bois o dia inteiro,
fui rei do gado no meu quintal.
Na Oficina do mestre Zezé,
catando pregos na serragem,
fui aprendiz de carpinteiro,
Iara da minha primeira professora,
Expedita Almeida me alfabetizou,
gratidão eterna à ilustre educadora.
Doce Iara, onde aprendi a rezar,
catequizado por D. Maria José,
repisando o Pai Nosso com fé
com Deus comecei a conversar.
Iara da minha primeira comunhão,
sob o olhar maternal da padroeira,
Nossa Senhora da Imaculada Conceição.
Iara da minha primeira Coca-Cola,
das caçadas aos calangos e sibites,
dos meus primeiros chutes na bola.
Fada Iara, mãe adotiva, acolhedora
paciente com esse menino maluvido,
tu foste terna, generosa, protetora,
tratando como teu um filho adotivo.

Autor Benedito Morais de Carvalho (Benê)

Livro: Achados e perdidos: antologia poética

Página 116

Scortecci Editora 2022