ATRAVESSEI A DOR

Sinto saudades

Dos cheiros e aromas de outrora

E permanecem nas narinas e nas papilas

Mantendo viva a memória.

Pinto as palavras ...

Com a cor das minhas lágrimas e dos meus sorrisos !

E pinto os amigos, com a cor do amor

Porque os amigos

Ai os amigos ...

São irmãos que nasceram com outros pais.

Quis fazer da minha vida uma festa

Mas faltaram os músicos á ultima hora

E tive que reprogramar tudo

E fiz a festa sem os músicos

Uma festa feita com silêncio dourado

Polvilhada com purpurina

As únicas notas que se "ouviam"

Vinham do coração

Do seu bater quente e compassado

E a festa se fez vida

E a vida se fez música

E a mulher se fez menina!

Estou indo ao meu encontro

Encetei esta viagem no dia que nasci

Hoje sei que estou cada vez mais perto

Sinto-o pelo pulsar do coração

Pelas sensações que me desperta

Pelas vozes que o silêncio longínquo me trás...

Revolvo a terra

Com as mãos ávidas de chuva e sol

E deixo caír sementes de amor e gratidão.

Atravesso a dor ...

E renasço no limite do sofrimento

E conheço a plenitude e a paz

Totalmente imune

Á ingratidão, á maledicência

Á arrogância, á mesquinhez.

Para trás ficaram

As agruras, os espinhos, a pequenez

O sangue e o suor excruciados

Alguns agrafos no coração

O lençol manchado de traição

O lugar vazio na mesa

As saudades do canteiro dos cravos

Mesmo ao lado do caramanchão

Onde outrora cantava, Vai Embora Solidão

De pernas cruzadas, sentada no chão.

Atravessei a dor...

E renasci no limite do sofrimento

Como uma linda flor

A abrilhantar e a brilhar no firmamento!

Direitos de Autor

Maria Dulce Leitão Reis

17/04/16

Maria Dulce Leitão Reis
Enviado por Maria Dulce Leitão Reis em 18/04/2021
Código do texto: T7235085
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.