LIMBO OU OLIMPO

LIMBO OU OLIMPO

Depois de mil anos no escuro do tártaro,
Descubro um riacho como o meu céu,
E o frio que acho flertando meu lábaro,
Destoa lá embaixo onde há fogaréu.

Foi onde Hefesto forjava seu aço,
Ofertando a Perséfone um anel,
No calor que demonstra seus traços,
E resguarda o valor de um farnel.

Só então é que surge um sátiro,
E um corisco Perseu vê no céu,
Pois um raio no escuro é tão sádico,
Se o clarão é uma noite sem véu.

Foi assim que Hades se mostrou,
Já brigando com Zeus, seu irmão,
Fez no mar o que o chão não deixou,
E roubou de Poseidon um tufão.

Essa estória pode ter mil verdades,
Pois as eras só deixam os vestígios,
Quando há filmes que dão saudades,
Pois provocam folclore e suspiros.

E assim vou sonhando nas noites,
Protelando o calor que agonia,
Se o deserto me cerca de açoites,
Desde quando foi mar algum dia.

Foi assim um instante no Olimpo,
Mas podendo ser de dez mil anos,
E revelam aos humanos meu limbo,
Que percorro nas vias do engano.