FOGO-FÁTUO

Está frio, enevoado, a chuva cai

e faz barulho

no telhado do coberto.

Da terra seca

vem o cheiro a terra molhada.

Eu amo este cheiro

mas nem assim

consigo tirar esta angústia

do meu peito.

Não consigo decifrar esta dor

que me atormenta.

O barulho da chuva

na chapa metálica

confunde-me o raciocínio

e eu não arredo pé

como se sentisse prazer

nesta espécie de auto flagelamento.

Um grito começa a nascer

no leito do rio angústia

que corre descontroladamente

dentro de mim

e deflagra suavemente,

incendiando-me.

Como uma tocha humana,

corro para ir dançar á chuva.

É fogo-fátuo, purifica-me a alma

e a chuva sossega-me o corpo.

Encontrei a solução

para acabar com a minha angústia!

©Maria Dulce Leitao Reis.

Copyright 13/04/21

Maria Dulce Leitão Reis
Enviado por Maria Dulce Leitão Reis em 14/04/2021
Código do texto: T7231569
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