O QUE DIRIAM DE MIM

O QUE DIRIAM DE MIM

Se eu bebesse cachaça,
Ou outra dose de álcool,
Se eu tomasse formicida,
A andar pela praça.

Diriam que eu era ruim,
E mais um pária no mundo,
Ou seria como um cupim,
Na calha de esgoto imundo.

Só teria um gole no odre,
E o pulmão com um negrume,
Da fumaça sobre o bigode,
E o sangue como chorume.

Ninguém mais estaria ao lado,
Se pra nada mais eu serviria,
E estaria num lixo e jogado,
Com o resto da vã confraria.

Mas eu sei que sou nada disso,
Pois o amor vai no meu coração,
Sem ganância e fora de vícios,
Nem querer ferir qualquer irmão.

Só desejo a paz e o contento,
De poder servir de solução,
E poder ser tempero e fermento,
Ou adubo que sirva pro chão.

Todavia, espero encontrar,
Os sujeitos carentes de ser,
Onde vamos poder partilhar,
Cada dom que deve florescer.