MESMO QUANDO
Gosto do seu olhar,
mesmo quando turvo e arredio.
Gosto do seu caminhar,
mesmo quando frágil e aflito.
Gosto do seu querer-bem,
mesmo quando encardido e vil.
Gosto do seu entender,
mesmo quando pobre e vazio.
Gosto do seu cheiro,
mesmo quando encardido e áspero.
Gosto da sua fé,
mesmo quando oca e desafinada.
Gosto do seu paladar,
mesmo quando cansado e febril.
Gosto do seu sonhar,
mesmo quando inquieto e solitário.
Gosto do seu amar,
mesmo quando distante e perdido.
Gosto do seu lutar,
mesmo quando fatigado e frágil.
Gosto do seu viver,
mesmo quando atormentado e banal.
Gosto do seu escrever,
mesmo quando entorpecido e esquisito.
Gosto do seu envelhecer,
mesmo quando fugaz e servil.
Gosto do seu acolher
mesmo quando torto e puído.
Gosto do seu todo,
mesmo quando banido e debandado.