MESMO QUANDO

Gosto do seu olhar,

mesmo quando turvo e arredio.

Gosto do seu caminhar,

mesmo quando frágil e aflito.

Gosto do seu querer-bem,

mesmo quando encardido e vil.

Gosto do seu entender,

mesmo quando pobre e vazio.

Gosto do seu cheiro,

mesmo quando encardido e áspero.

Gosto da sua fé,

mesmo quando oca e desafinada.

Gosto do seu paladar,

mesmo quando cansado e febril.

Gosto do seu sonhar,

mesmo quando inquieto e solitário.

Gosto do seu amar,

mesmo quando distante e perdido.

Gosto do seu lutar,

mesmo quando fatigado e frágil.

Gosto do seu viver,

mesmo quando atormentado e banal.

Gosto do seu escrever,

mesmo quando entorpecido e esquisito.

Gosto do seu envelhecer,

mesmo quando fugaz e servil.

Gosto do seu acolher

mesmo quando torto e puído.

Gosto do seu todo,

mesmo quando banido e debandado.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 20/03/2021
Reeditado em 20/03/2021
Código do texto: T7211320
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