PÉ DE VENTO

Você não precisa dos buracos para entrar na corrente

das minhas veias, mas bem antes, na da minha mente;

nesse instante, tudo em mim se transforma por dentro

e passo a sentir o corpo apenas em sua função, somente.

Uma prioridade, então, é imposta até aos meus segredos:

trazer você de qualquer jeito na ventania e nas adjacências

de um agora em que pareço mesmo mordiscar a sua pele.

E rasgo o seu bustiê e mamo no seu seio e lento e ligeiro

desço a língua e mergulho na fenda do seu desfiladeiro.

Ouço o seu ar preso e as suas mãos sobre a minha cabeça

afundando boca e queixo contra o fundo dos seus desejos.

E não encontro maneiras dessa coisa sossegar de repente

ou de que algum poema possa gerenciar este sentimento:

o de construir com a palavra a fornalha de um movimento