A MALDIÇÃO DO DIABO
Era um dia negro e chuvoso
Os relâmpagos cruzavam o céu
Como um espetacular fogo de artificio
Nesse dia 'maravilhoso' nasci eu.
Minha mãe depois do seu enorme sacrifício
Estava cansada, nem me ouvia chorar
Como me senti triste, só e desamparada
E foi assim que sempre me senti
Ao longo da minha vida excomungada!
Por mais que eu fizesse, não valia de nada
Enquanto minha mãe dormia
Belzebu me visitou e se inclinou no berço
E lançou-me a maldição
Pobre de mim, um ser tão indefeso!
Eu te excomungo por toda a tua vida
Passarás por todo o tipo de provação
Terás menos de um terço de alegria
Dirás sempre a verdade
E a verdade contra ti se virará
Dirás sempre o que pensas
E em troca receberás mil ofensas
A maldição só poderá ser quebrada
Quando encontrares a tua alma gémea
Quando pela força da sua paixão
Rebentar as correntes que amarram o teu coração!
E as palavras proferidas com convicção
Ganharam força e criaram raízes
Ao longo da minha existência
Houve mais carrascos que juízes
O meu anjo da guarda, meu protetor
Assistiu horrorizado á excomungação
E serenou-me quando o diabo abalou
Não poderei evitar e com muita dor
Que as satânicas palavras se cumpram
Mas evitarei a tua queda
Jamais te deixarei ir ao chão!
E tudo se cumpriu como o diabo vociferou
E tudo aconteceu como o anjo me garantiu!
Passei por toda a sorte de atentados
Desde tentativas de esfaqueamento
Ao quase consumado envenenamento
Mas o meu anjo da guarda sempre me salvou!
As peripécias pelas quais o demo me fez passar
Encouraçaram-me o couro
Contra as investidas do mal
E protegeram-me a alma onde guardo o ouro!
Só falta cumprir as últimas palavras da maldição
Encontrar a alma gémea, que de tão apaixonada
Rebente as correntes que amarram o meu coração!
"O amor faz caír por terra todas as maldições"
(Padre Fábio de Melo)
@ Maria Dulce Leitao Reis
17/02/15