O PALHAÇO
Vesti o fato ás riscas zebra
Mas fiquei muito monocórdico
E não gosto da cor preta
Peguei nas tintas e nos pinceis
E colori meu corpo desnudado
Uma pincelada aqui, outra além
Mais um pouco de vermelho
Algum azul para contrastar
As outra cores estão todas bem
Agora sim estou pronto para brilhar!
Mas como vou poder trabalhar
Se morreu hoje a minha mãe
Vida de palhaço não é fácil...
Faz palhaçadas, ri por fora
Mas tantas e tantas vezes
Por dentro chora!
Mas tem que animar a criançada
Não pode gorar as expetativas
Palhaço é palhaço
Sua vida só pode ser alegrias
Que contradição!
Tantas e tantas vezes
Tem de fazer força da fraqueza
Soltar o riso na cara
Esconder as lágrimas no coração
Disso tem ele a certeza!
Um dia ouvi um palhaço dizer
Somos um povo triste
Parece incongruente
Mas não é. É real!
Porque um palhaço também é gente
Será que podemos afirmar
Que é um profissional da alegria?
Talvez...
Só que duma sociedade
Assustadoramente cínica
Bem Mikado está na hora do trabalho
Afivelo o riso no rosto
Dou uma ajeitada na roupa pintada
E ala animar a criançada
Que já está toda no seu posto.
Olá ”mininos e mininas”
Vamos lá estar álerta
“Vomicês” sabem
Porque o gato comeu o queijo?
Eu sabia, “o que diabos mininos num sabe?”
Porque a minha mãe morreu hoje
E deixou “as gaveta aberta”
Tantas vezes o palhaço ri
Em condições adversas
Neste circo que é a vida
É obrigado a fazer rir
Como se não tivesse emoções
Como se não tivesse nada
Nesta tenda que é a vida
Tantas vezes mal montada!
E é assim a vida triste
De um palhaço alegre...
@ Maria Dulce Leitão Reis
13/02/15