DESASSOSSEGO

Dou mil e uma voltas na cama

Sem conseguir adormecer

Penso em ti e volto a pensar

Não sei mais o que fazer

Estendo o braço

Na vã ilusão de te apalpar

Mas sei bem que não estás aqui

Sei bem que nunca estiveste

Então porque estendo o braço?

Era só para me confortar

Não aguento mais

Este querer-te me ensandece

E levanto-me da cama

Para o meu corpo calar

E o espírito sossegar

Mas ele não se cala

Clama e grita

Com vontade de te amar

Gasto o soalho

Com o meu cirandar

Mas que raio é que eu tenho

Que não páro de cismar em ti

Por fim já cansada

Sento-me numa cadeira

Escondo a cara entre os braços

Mas não é brincadeira

E recomeça a aflorar em mim

O desejo oculto de te ter aqui

Sinto as tuas mãos

Acariciando o meu corpo todo

Arrancando-me ais e gemidos

Como se lesse uma pauta

De bemóis e sustenidos

Vou ao inferno e ao céu

E pelo caminho

Vou colhendo alguns sóis

E também algumas estrelas

De menor grandeza

E muito menor chama

Que guardo nos lençois

Que arranquei da cama

Porque na vida é assim

Nem tudo pode ser grande

Temos que ser felizes

Com aquilo que temos

De tanto pensar ficámos em sintonia

Vesti-me de rendas e seda

E ajeitei o leito

Apareceste na madrugada

Já bem ao raiar do dia

Com malmequeres numa cesta

Mas ainda a tempo

De juntarmos os nossos pés

Meu amor não duvides de quem te ama

Nem deixes de ser quem és

I love you!

©Maria Dulce Leitao Reis

09/02/15

Maria Dulce Leitão Reis
Enviado por Maria Dulce Leitão Reis em 10/02/2021
Código do texto: T7181530
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.