DESASSOSSEGO
Dou mil e uma voltas na cama
Sem conseguir adormecer
Penso em ti e volto a pensar
Não sei mais o que fazer
Estendo o braço
Na vã ilusão de te apalpar
Mas sei bem que não estás aqui
Sei bem que nunca estiveste
Então porque estendo o braço?
Era só para me confortar
Não aguento mais
Este querer-te me ensandece
E levanto-me da cama
Para o meu corpo calar
E o espírito sossegar
Mas ele não se cala
Clama e grita
Com vontade de te amar
Gasto o soalho
Com o meu cirandar
Mas que raio é que eu tenho
Que não páro de cismar em ti
Por fim já cansada
Sento-me numa cadeira
Escondo a cara entre os braços
Mas não é brincadeira
E recomeça a aflorar em mim
O desejo oculto de te ter aqui
Sinto as tuas mãos
Acariciando o meu corpo todo
Arrancando-me ais e gemidos
Como se lesse uma pauta
De bemóis e sustenidos
Vou ao inferno e ao céu
E pelo caminho
Vou colhendo alguns sóis
E também algumas estrelas
De menor grandeza
E muito menor chama
Que guardo nos lençois
Que arranquei da cama
Porque na vida é assim
Nem tudo pode ser grande
Temos que ser felizes
Com aquilo que temos
De tanto pensar ficámos em sintonia
Vesti-me de rendas e seda
E ajeitei o leito
Apareceste na madrugada
Já bem ao raiar do dia
Com malmequeres numa cesta
Mas ainda a tempo
De juntarmos os nossos pés
Meu amor não duvides de quem te ama
Nem deixes de ser quem és
I love you!
©Maria Dulce Leitao Reis
09/02/15