Um Olhar
Todos os dias na cidade/
Vende-se a folha/
Manchada de Sangue/
Ao tentar assaltar/
Morto a tiros/
São negros ou mulatos/
Da favela ou da baixada/
Assim se resolve e assim se sepulta/
Enquanto a fome recruta a miséria/
O Sistema pacífica/
Que direção pode se dar ao vento/
Se o tempo é de violar/
A necessidade inventa/
Mas o corpo não aguenta/
E seguem dizendo/
Que se o criador não der/
O homem não fizer/
O Sistema faz a vista/
Ou escraviza/
Não é de se admirar/
Muito se ensina/
Muito se dita/
Que as riquezas compram a vida/
Dessa ou daquela sorte/
Me parece que só a morte/
Tem um valor incalculável/
Pois que, sem exceção/
Sem sim ou não/
Todos vão pros mesmos palmos/
Ainda assim, não dá pra entender você/
Querendo ser rei/
Se nem a fantasia se leva/
Se não fossemos arrogantes/
Dividiríamos o pão/
Porque qualquer um juntos à mesa/
São felizes/
Então o que estamos esperando pra repartir/