A ESCURIDÃO E A CLARIDADE
Vou pela mão da escuridão.
Ela prometeu, levar-me á claridade.
Sem mais delongas, confiei nela cegamente.
A estrada é inóspita e muito longa.
Começo a ficar apreensiva e ansiosa.
O receio começa a tomar conta de mim...
Instala-se o medo.
Por fim sou dominada pelo pânico.
Grito descontroladamente
Mas ninguém vem em meu auxílio.
A escuridão fica em palpos de aranha
Para me controlar.
O meu desespero é excessivamente grande
Porque me sinto enganada por ela
Como é que eu me deixei enganar?
Este pensamento
Torna-se na minha própria tortura.
Fico presa no labirinto
Onde o desespero me conduziu.
Olho atordoada em todas as direções
E não vislumbro a saída.
A escuridão tenta acalmar-me
Mas sem sucesso.
Eu já a rotulei como inimigo a abater.
Inesperadamente, mas apenas para mim
Porque o desespero
Embotava o meu discernimento
Um ponto de luz
Começa a formar-se á distância.
Um vislumbre de esperança
Assomou nos meus olhos
E um leve sorriso
No canto esquerdo da minha boca.
O meu desejo é começar a correr
Estou com sede e com fome de claridade.
A escuridão, embora já não seja tão severa
Freia-me a vontade
Impede a compulsão.
Num rasgo de inteligência e bom senso
Decido ter calma e paciência.
Ao caminhar devagar, sem pressa
Tenho tempo para observar
O aumento do ponto de luz
Que vai saciando o meu desconforto.
Tenho tempo para absorver a aproximação
Do ar perfumado pelo cheiro das flores.
De escutar o chilreio das aves.
Tenho tempo
Para dar tempo ao meu cérebro
De registar, assimilar
E arquivar tudo na devida ordem
A fim de me dar ordem de entrada na luz
Completamente livre!
©Maria Dulce Leitao Reis
07/02/2020