PETELECOS E ALEGORIAS

Nos vãos da minha alma

guardo segredos e trunfos

que são muito do meu suor,

dos meus tombos, berros e sinos.

Neles reinam medos opacos,

vozes que ecoam encardidas,

paixões que reverberam em saudades,

gatilhos roucos repletos de luz.

Nos vãos da minha alma

acalento ventos puídos,

louças finas que encantam o luar,

lábios aflitos, firmes e imberbes da fé.

Neles renasço larvas travessas,

destituo flores que mancam

despasso cheiros queridos, aguerridos,

porções fartas de querer-bem a granel.

Nesses vãos solitários e solidários,

de passos tênues, tez macia,

dou petelecos nas bizarras alegorias,

dou por finado meus percalços de rei,

embaralho as querelas robustas das certezas,

reverbero o quinhão mais soberbo da paixão,

por que não? Por que não?

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 22/01/2021
Reeditado em 22/01/2021
Código do texto: T7166229
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