PETELECOS E ALEGORIAS
Nos vãos da minha alma
guardo segredos e trunfos
que são muito do meu suor,
dos meus tombos, berros e sinos.
Neles reinam medos opacos,
vozes que ecoam encardidas,
paixões que reverberam em saudades,
gatilhos roucos repletos de luz.
Nos vãos da minha alma
acalento ventos puídos,
louças finas que encantam o luar,
lábios aflitos, firmes e imberbes da fé.
Neles renasço larvas travessas,
destituo flores que mancam
despasso cheiros queridos, aguerridos,
porções fartas de querer-bem a granel.
Nesses vãos solitários e solidários,
de passos tênues, tez macia,
dou petelecos nas bizarras alegorias,
dou por finado meus percalços de rei,
embaralho as querelas robustas das certezas,
reverbero o quinhão mais soberbo da paixão,
por que não? Por que não?