Pleneruge

Pleneruge

O rebôo dessas ondas nas areias, formam brancas espumas reviradas.

E os capulhos do algodão

alvas roseiras!

Lembram nuvens nos céus esfarrapadas.

Vento enxugador da úmida intimidade desses nossos lençóis.

Barcaças a motor na tempestade

Distantes sobem o rio e a foz.

No horizonte caiu a branca nuvem

Deu a tarde e essa nuvem incendiou.

Sobre o rio formou-se uma miragem.

E eu não quero jamais o seu amor.

Tangedor do salobro choro infante.

Outros olhos vestidos de opa negra.

No casario sua beleza dançante

Envolvente na canção tão linda e quêda.

Das candeias da tarde a doçura.

E esse vento a cheirar a tempestade

Saudades de ti

já não me procuram

Outro amor tão bonito já me invade

E na lama escura da preamar

O ciclo preguiçoso e fortevago

Almazerado de almores a sonhar

Meu pleneruge crepúsculo amargo.

Penugens sem saber na cor sem fim

No vermelho da tarde ensanguentada.

Uma nuvem no céu passou por mim

Pleneruge crepuscular estrada.

Coração de Jade pedra verde

Verdes olhos são blues de sofrimento

Choram os céus, os azuis na minha rede.

Com os ventos da tarde em seu lamento.

Francisco Cavalcante