TOTENS SOLENES
Nos vãos da minha alma guardo asas de sonhos,
fragmentos saltitantes de vidas suadas,
gozos degustados com aval dos anjos.
Nas mamas da minha alma escondo segredos,
mágicas cantigas alinhavadas pela voz do rei,
galopes açucarados e aveludados da ilusão.
Nos baús da minha alma ecoo mergulhos fartos,
tecos umedecidos das sequelas que untei,
certezas azeitadas nos colos aquecidos do querer-bem.
Nos flancos da minha alma reverbero totens solenes,
lastros benditos que emolduro com sangue raro,
passos que fiz nascer enquanto o tempo dormia.
Nos braços da minha alma dispersei ferrolhos tardios,
lendas avessas das aflitas agruras que outrora abriguei,
palco iluminado dos mundos que fiz parir.
Nos confins da minha alma fiz pouco caso da sorte,
escancarei cada punhado de alegria que pude atrair,
arrematei os murmúrios da vitória num frenesi sem igual.