IGUANAS BÊBADAS
Como te quero acesa, desatada, descabida,
certa dos seus coros, acordes, afagos, atalhos,
convicta de cada nó, de cada braçada, de cada torrão.
Como te quero espalhada, desnatada, descoberta,
esperta nos passos, nas cantorias, nas sombras,
restaurada nas rebarbas, nos flertes, na luz.
Mas o tempo troça com meus gingados,
faz pouco caso dos meus pingentes e sonetos,
não dá muita bola pras franjas roucas desse querer-bem.
Mas o tempo, tão escasso de alma, tão desnudo de ter,
não se importa com meu andar cálido, com meu respirar manco,
não leva em conta a mendicância desse respirar e nem, pudera,
dos requebros encardidos da minha paixão.
Daí só me resta lamentar pras iguanas bêbadas da solidão,
só me faz tilintar os desdéns bizarros das noites insones,
só me destina por fim os suores empedrados da dor.