NO DESERTO DO CORAÇÃO

Se pouco fôra

não te deixaria louca

meu jeito de te adorar;

me pedias o sal,

eu te dava o mar,

desejavas rir,

eu era o teu palhaço,

querias escrever um poema,

te emprestava meus traços...

Até que um dia

lêste minha oculta poesia,

lá estava escrito da minha procura,

queria uma estrela para a minha noite escura;

achaste que não eras meu raio de luz,

apenas um brilho vago que o desejo conduz...

Como se juntam pés e caminhos,

juraste que éramos apenas estradas

que se cruzaram como rolha e vinho,

lugar onde o tudo fica sem nada...

Amor eterno não existe,

dura como breve estação;

se o que sentimos não resiste,

o sentimento vaga no deserto do coração.