OS POETAS MENTEM?
Eu menti.
Escrevi a poesia da água a roubando da chuva...
Apanhei estrelas sonolentas no céu,
com elas escrevi frases fugazes,
do amor pelo sol, o brilho do véu...
Menti mais ainda, sobre o que o vento faz,
roubei duas ou três tempestades, a brisa,
sobre como essa entidade é capaz
de tornar uma rocha, bruta, linda, lisa...
O amante, que passava com sua amada,
deixou pegadas de amor, apanhei-as, rindo,
escrevi versos amorosos, que me tonteavam,
me tornei poeta, assim foi, e fui seguindo...
Os que me liam se admiravam dessa nobreza,
não sabiam que roubei os versos desta vida,
apenas apanhei os gravetos e os pus, com certeza,
na fogueira do amor, da paz, em cada palavra lida.
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