ESTROFES SOLITÁRIAS

Tu és um vaso de flor

onde plantei minhas sementes,

no amanhecer desse amor

o belo fruto brotou, virou gente...

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Queria ser como o milho,

ficar famoso, estourar, virar pipoca,

ou ser como o brilho,

do ventre da luz nasce, espoca...

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Tornei-me cético, cínico, súbito cívico,

num país de sórdidos, óbvios sacanas;

leio, desleio, revogo, honesto, tímido,

ainda creio em índios, cães, gente bacana...

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Quando eu for enterrado, nu, pelado,

quero flores de plástico, pouca gente;

de preferência quero ser enterrado de lado:

te digo, vivi a vida frente a frente...

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Nem que tenha mil bolsos, nem tudo cabe...

Tudo que você tem é teu, ninguém nega;

nem se nega que pra onde se vai ninguém sabe,

o ouro é pros outros, flores em teu túmulo se rega...

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A eternidade é para quem crê no agora,

no ontem e no que virá, chamado amanhã;

um calendário sem datas, relógio sem horas,

só vive para sempre quem tem a alma sã...

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Plantei um pé de versos, só deu de dar rima,

colhi quando a lua descia em minha cama,

e eu, encabulado, mostrava pra minha Rosina,

e ela se admirava dos meus versos em chama.

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