Inquietações de um Guerreiro: Sobre a captura do inimigo impiedoso
É possível que tradição, justiça e paz se juntem.
Mas para isso, é necessária a execução do inimigo.
Sofremos muito por causa de sua crueldade.
Perdemos muitas vidas.
Não podemos deixá-lo voar como pássaro livre
uma vez que o capturamos com nossas próprias mãos.
Esta ideia me inquieta.
E nossos bravos guerreiros?
Em muitas batalhas, muitos corajosos morreram como heróis.
Não é ofensa às esposas, aos filhos e aos pais desses
nobres guerreiros deixá-lo voar livre?
Muitos veteranos se juntaram em batalhas sangrentas,
lutaram ao nosso lado mesmo com idade avançada.
Como podemos soltar esse ignóbil enquanto
olhamos nossos nobres homens nos olhos?
Mas a obediência ao Estado se apresenta
como única maneira neste momento.
A lógica indica que devemos obedecer ao Estado,
não podemos agir com a emoção,
mas com a razão.
Quer dizer que devemos deixar um ignóbil desses
sair ileso depois de tantas crueldades contra nosso povo?
Não acredito que estamos discutindo isto.
Porém, se não o deixarmos vivos, teremos dois inimigos.
E um deles será nosso pior pesadelo, o nosso próprio Estado.
Dizem que o caminho para a Paz passa por muitos precipícios
e que precisamos tirar a poeria do ódio de nossos corações.
Ele queimou várias mulheres por puro prazer.
Se divertiu enquanto crianças era jogadas como alimentos
para as hienas.
e deliciava-se com o sangue dos velhos enquanto suas
gargantas eram cortadas.
Mas o Estado quer que ele seja moeda de troca. Que o
entreguemos às tropas federais.
Se não vingarmos nossas vítimas não
teremos descanso nem paz, nem esta poeira de nossos corações
será purificada.
Como não obedecer ao Estado?
Que vergonha!
Que vergonha!
Pensei que veria a tradição ao lado da Justiça
mas vejo que o medo encheu os palácios do Estado
e o ouro corrompeu seus corações.
Pela manhã chega alto oficial vindo da Capital.
Que vergonha!
Que vergonha!
Amanhã decidirei meu futuro nesta guerra,
que não é mais honrosa.