UM DIA SUAVE

Esses dias de chuva,

o não ter o que fazer misturado ao escrever,

o lápis pousado na mesa,

o tempo, pensativo, mão no queixo,

Rodin também sabia parar o tempo,

essa música sobrevoando o poço do infinito,

as cores se distendendo, espreguiçando,

o dia sem começo e fim, o vagar das horas,

as palavras conversam sobre amenidades,

hoje a poesia fez-se fala entre transeuntes...

O dia amanheceu calmo,

penteou seus cabelos, tomou seu café,

quem o via, de longe, deu seus suspiros,

ao longe, o sino de uma igreja longínqua

entoou seu canto metálico, roufenho,

o lápis abriu mão de sua lida, descansado,

tem dias em que a chuva estende a rede,

o mundo fica distante, apenas um zum-zum-zum,

esvoaçantes borboletas sem geometria,

amanhã, quando a chuva voltar, o sol volta a dormir.