ILUMINADO DEVIR

Fui, para ser quem sou agora,

sem saber o que me tornaria,

se um mero despertador que a hora

de me reescrever me acordaria,

ou um embuste que a palavra explora,

de chapéu vermelho levando a bebê

a casa da poesia...

Ser, mais que a serviço da usura,

descobrir o oculto que há na simplicidade,

repletar-se até estar em fartura,

ruir os castelos das inverdades,

beber do Graal a seiva pura,

nunca viver até a metade,

o sábio sabe a razão da loucura...

Em cada rosto mil máscaras sobrepostas,

faces das faces herdadas de totens e mitos,

pergunte ao homem se vê suas costas,

se escuta vindo do Olimpo um só grito,

se a regra do sonho a ti se mostra,

homem de carne e osso, que ora fito,

iluminado devir, de quem Deus gosta...