POESIA NA PANDEMIA
Na pandemia
você precisa de poesia
descontaminada,
sem cachaçada,
livre de virose,
um poema,
uma dose,
quase uma vacina
que descontamina,
leite espiritual,
quase comportamento fetal,
sobre viver e ser feliz,
como respirar pelo nariz,
na Pandemia chegará o dia
de ela ir embora,
como um cargueiro na aurora
levando sua carga nefasta,
nos deixando com nossas mortes no calendário,
eu, você, João, Tônico, Januário,
cedo, cedo, cedim,
um hai-kai, só um tantim,
mais tarde um soneto,
desses em branco e preto,
meio do dia
uma poesia refrescante,
de tarde um tanto em verso e prosa,
ao anoitecer um poema de descanso,
sentimental, mesmo que um quase pranto,
de madrugada, por nada,
não perca a poesia pondo sementes
entre teus lábios, entre teus dentes...