PODERIA?

Poderia um poeta comer fogo com sua saliva

e restaurar florestas e refazer renascer a vida?

Poderia o mesmo remodelar o velho Congresso

trazendo gente nova para espantar o néscio,

revitalizar a Câmara para o renascimento de um novo dia

e a sinfonia ouvida seria tocada num prato de comida?

Poderia um poeta reequilibrar as contas sem pagar juros

a banqueiros que tramam contra o país nos corredores escuros?

Poderia um poeta levantar o estro todo poderoso

e misto de mágica e poesia versar até acordar o povo?

Poderia um poeta levantar contra o gigante Golias

uma dádiva pequenina chamada de suave poesia?

Poderia um poeta cantar o hino de sua terra amada

junto a cada criança e a cada adulto e a cada velho

com lágrimas de desespero em sua pátria aviltada?

Poderia um poeta fazer valer sua arte silenciosa

escrita em papel de pão numa soturna noite

em frágeis letras manuscritas e vigorosas

decepadas pela velha e ignorante foice?