PARA DIZER, PARA OUVIR...

Espero por sua pessoa,

urbana, limpa, asseada,

que leu cem livros,

comeu cento e vinte pizzas,

bebeu cem milhões de cerveja,

(ufa, falar de vossa senhoria não é fácil),

que entre por aquela porta

tocando seu baixo-tuba,

sorrindo a todos que o esperam,

e de ti venham palavras sem sabão,

cheias de terra e ciscos,

sem marcas de algemas

e vergastadas por açoites,

uma, duas, horas quantas necessárias,

amamos os poetas feitos de tostões,

reclamaremos dos curtos poemas,

aplausos cheios de desejos ocultos,

a vida, às vezes, é dura de engolir,

cacos, pregos, carrapichos,

mas, te ouvir faz com que saibamos admirar

as abelhas, as galinhas poedeiras,

as orelhas que saibam ouvir

o que os poetas tem para dizer...