Quando a boca vaza
Não trai a ti aquilo que tua boca fala
Vaza pelos dentes o que a cabeça pensa
Larga do corpo o sentimento que não se cala
Segue seu curso agora o impulso que dispensa.
Nem de longe se encerra a chama do desejo
Ancorado nos amantes que ainda se inflamam
Muito menos entrega a alma à doçura do beijo
Que espreguiça as rotinas daqueles que se amam.
Não há nada capaz de semear dois corações
Quando um deles não tem em seu par o seu porto
Ainda que escondido sob o rosto, o entre das paixões
Não há como morrer aquilo que já está morto.
(25/09/2020)