ÚLTIMO ACORDE

Abraça-me, poesia,

que o abraçar deste dia

em labuta infinda

corta-me a suave carne do meu corpo...

Eu, que sei-me, hoje sou tantos outros,

a viajar por um tempo que não acaba,

a buscar a sensatez da loucura dos doutos,

tráfego nervos e conjunturas da arca

celeste que chamam este escopo...

Abraça-te a mim, poesia,

me devore como se fera fosse e faminta,

olha-me como fina iguaria a ser servida,

lamba os beiços por fartura de pensamentos,

chupa-me os ossos e, fio dental, meus filamentos...

Assim, acabado como prato vazio em fim de festa,

só vejo calcanhares aquilianos de quem parte,.

sou levado ao túmulo das ausências, a orquestra

dá o último acorde a está humana e viva arte..