FARTURA

Como comi pão, um dia,

comerei, pão que será, poesia...

A lamber beiços respingados por manteiga,

o estômago a fartar-se de lauta colheita,

poetas lambuzados por sal grosso,

servidos como tira gosto...

Quem se lembrará de hoje,

que é um ontem que sonhava amanhã,

como se alvíssaras fosse,

trágica notícia, va~?

Coma silêncios com azeite e alecrim,

sussurros assados c páprica,

coma começos como se o fim

logo logo viesse da fábrica...

Seremos os filhos do verbo,

próximos a um Zeus zeloso,

se eu morasse em Santo Antônio do Viterbo

viveria, a meu modo, um viver gostoso...