Meus versos
Eu não tenho um estilo
Não escrevo por obrigação
Meus versos jorram
Como sangue da ferida
Assim, respingando
Sem direção, sem sentido
Meus versos jorram
Porque já não cabem aqui dentro
Os cortes da vida
São as janelas para o mundo
Sim, meus versos pulam janelas
Não aprenderam a usar a porta
Nunca souberam bater (à porta)
São um pouco sem educação
Sua natureza pede liberdade
Não ousei domá-los
(Seria um desperdício)
Ora brincam de ser prosa
Ora dão chá de sumiço
Meus versos adoram inventar moda
(E eu, que tenho a ver com isso?)
Eles me deixam acreditar ser poeta
Mas quem escreve são eles,
Eu só assisto
Enquanto eles me assistem
(Com todas as regências possíveis!)
E revelam ao mundo
Meus segredos implícitos