O porquê de escrever

Se me perguntassem o porquê de escrever,

diria que não sei.

Não há bem uma vantagem na escrita,

é um mundo solitário esse no qual me meti,

é um exercício sofrido conversar consigo

e refletir sobre a vida, principalmente sobre si.

E se ainda me perguntassem se vale a pena escrever,

diria não.

Não que a escrita seja ruim ou desnecessária,

mas se você ainda pergunta se vale ou não a pena fazer isso,

é sinal que você não tem a mínima condição de realmente apreciar

não somente a literatura, mas apreciar a sua literatura.

É um mundo tão injusto quanto o mundo real,

você vai escrever muito, muito lixo,

mas irão surgir verdadeiras obras primas

nas horas mais inesperadas.

E não há um porquê para fazer isso,

é simplesmente uma vontade, um desejo.

É aquilo que se tem lá dentro,

aquela coisa maluca que se rebela intensamente

contra algumas de nossas virtudes ou pecados

e uma hora se expande para o exterior.

Você pode criar técnicas para melhor

apresentá-las ao mundo

ou você pode simplesmente escrever

e deixar o acaso te levar.

No final a arte é isso, é libertação,

seja do que for que existe dentro de você,

quando a arte não é libertação, ela pode ser até legal,

mas nunca vai ser o suficiente.

Sempre vai existir algo lá dentro,

exigindo liberdade,

se eu fosse você, eu soltava.