OS ANOS QUE ME RESTAM
OS ANOS QUE ME RESTAM
Com o romper da aurora
O Sol espraia sua gema lentamente
Eu no convés do navio da vida
Aprecio a viagem “tocando em frente”
A vida segue seu percurso calmamente
Como um barco a vela quase sem vento
Com meu olhar voltado ao poente
Meu porvir já está minguante
Já não vislumbro muitos anos pela frente
Visto que os caminhos que me restam
São muito menos dos que já trilhei
Mas o pouco tempo que me resta
Quero viver p a u s a d a m e n t e
Sem ter pressa nem stresse
Que acabam com a vida da gente
Quero acordar com o canto do galo
E na sesta da tarde ouvindo meu sabiá
Quem sabe um dia? O destino de todos nós
Eu nem venha mais acordar, aí já será tarde
Não poderei mais praguejar
A infalível enjeitada de todos
Mas levarei comigo, saudades e muitas emoções
São os únicos dividendos dessa luta inglória.
Capanema, 20 de julho de 2018. SALENCAR