QUEM MORRE...
morre o rico, morre o pobre;
morre o plebeu, morre o nobre;
morre o louco, morre o sadio;
morre o trabalhador, morre o vadio;
morre o crente, morre o ateu;
morre o muçulmano, morre o judeu;
morre o inimigo,
morre também o amigo;
morre o palmeirense, morre o corintiano;
morre com certeza, morre por engano;
morre o doutor, morre o analfabeto;
morre o detestável, morre o predileto;
morre o morre o santo, morre o demônio;
morre o João, morre o Antônio;
morre a paixão, morre o desejo;
morre o abraço, morre o beijo;
morre o governador, morre o presidente;
morre a cascavel, morre a serpente;
morre na cama, morre na estrada;
nos braços da amante, nos braços da amada;
morre em casa, morre no hospital;
morre na favela; morre no Taj Mahal;
morre na subida, morre na descida;
de bala engasgada, de bala perdida;
morre a mãe, morre o pai;
morre na guerra, morre na paz;
morre o feio, morre o bonito,
morre o cavalo, morre o cabrito;
morre o honesto, morre o bandido;
morre o odiado, morre o querido;
morre devagar, morre de repente;
às vezes, um só; às vezes, muita gente;
morre por falta de chuva, morre por enchente;
morre por descuido, morre por acidente;
morre o forte, morre o fraco;
morre o competente, morre o puxa-saco;
morre o padre, morre o pastor;
morre o feliz, morre o sofredor!
todo mundo morre um dia,
menos o amor, menos a poesia...